quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Engenheiro do Dnocs é afastado pela CGU

De Política / JC
Sob a acusação de enriquecimento ilícito, a Controladoria-Geral da União (CGU) demitiu o engenheiro civil Eldon Arrais de Lavor, 53 anos, ex-coordenador substituto do Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs) no Estado. A demissão foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 22, assinada pelo ministro-chefe do órgão, Jorge Hage. Irritado, Eldon classificou ontem a medida como “sacanagem” e garantiu ao JC que vai recorrer à Justiça para ser reintegrado ao Dnocs. O engenheiro é sobrinho do ex-senador por Pernambuco Mansueto de Lavor, já falecido.

Segundo as investigações, o engenheiro comprou “27 apartamentos em Recife e Olinda” e adquiriu um imóvel de 279 metros quadrados por R$ 27 mil – valor considerado muito baixo. A CGU sustenta que os bens não foram declarados ao fisco, o que Eldon contesta. Ele é acusado de realizar movimentações financeiras cinco vezes a mais do que seus rendimentos oficiais, de cerca de R$ 3,8 mil por mês. Em 2001, foram depositados em sua conta bancária cerca de R$ 150 mil. Ele justificou que, além dos salários pagos pelo Dnocs, a quantia incluiu também valores oriundos de uma destilaria sua, situada no Ceará. Mas a CGU avaliou que a explicação não foi convincente, sem provas mínimas.

O valor total dos 27 apartamentos adquiridos é estimado em R$ 1,6 milhão, de acordo com a CGU. Eldon disse que todos estão declarados e foram construídos ao “longo de 20 anos”. “São construções antigas. A maioria é prédio do tipo caixão”, contou. O engenheiro admitiu, porém, que tem um débito com a Receita Federal. “Já foi parcelado. É um problema meu com a Receita”, disse, sem dar detalhes.
DEFESA

A CGU garante que Eldon apresentou defesa em todas as fases da apuração. No início, o órgão diz que ele tentou negar a aquisição dos imóveis à comissão responsável pela investigação. Mas, no decorrer do processo, reconheceu a propriedade. A conclusão da sindicância patrimonial e do processo administrativo disciplinar embasou a demissão do Dnocs. Mas Eldon protestou contra os procedimentos da CGU. “Eles fazem uma devassa na sua vida e não aceitam as explicações. Nem na época do AI-5 (assinado há 40 anos, durante a fase mais dura do regime) acontecia isso”, reagiu.

Há 24 anos no Dnocs, Eldon fez questão de frisar que virou servidor público por meio de concurso público. “Nunca gostei de apadrinhamento político. Na época, fui aprovado em quinto lugar entre uma infinidade de engenheiros”, disse, referindo-se ao parentesco com o ex-senador Mansueto de Lavor.

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