terça-feira, 15 de março de 2011

Cremepe interdita setor de necropsia do IML por precariedades na estrutura

Do G1

O Conselho Regional de Medicina (Cremepe) se reuniu, na noite da última segunda-feira (14), para avaliar a situação do Instituto de Medicina Legal. Os médicos decidiram, por unanimidade, pela interdição do setor de necropsia. A decisão surgiu depois que os médicos legistas denunciaram as péssimas condições de trabalho no prédio da unidade, no bairro de Santo Amaro.

Na reunião, o Cremepe concluiu que O IML não oferece condições mínimas para que os médicos façam os exames de necropsia que possam servir de provas para as vítimas de violência. Para o Cremepe, a precariedade do serviço acaba gerando a impunidade de criminosos já que, sem a perícia médica, muitos inquéritos policiais ficam paralisados ou sequer começam a ser feitos.

“Nós precisamos tomar uma medida que salvaguarde o trabalho dos médicos, que tem que ser de qualidade, e a população, que depende unicamente daquele serviço. É preciso garantir o número de profissionais, garantir condições técnicas, para que as necropsias sejam realizadas de maneira adequada”, afirma o presidente do Cremepe, André Longo (foto).

De acordo com o Cremepe, essa medida entrará em vigor num prazo de até 48 horas. Os corpos devem ser liberados às famílias sem que os exames sejam feitos. Por isso, em todas as situações, a causa da morte será considerada indeterminada na declaração de óbito.

O gestor geral da Polícia Científica, Francisco Sarmento, informou que o Departamento de Engenharia da Secretaria de Defesa Social tem feito o levantamento das necessidades do Instituto de Medicina Legal. Ele disse, ainda, que dentro de 60 dias começa a licitação para a reforma geral do IML.

O IML recebe, em média, 20 corpos por dia, além de dezenas de pessoas com ferimentos que precisam passar por exames. Segundo os médicos legistas, a sala de Raio-X está fechada porque o equipamento quebrou. Eles disseram, também, que falta bisturi para se fazer as necropsias e estão usando equipamentos inadequados.

Outro problema apontado por eles é que não existe a maca de rodas para levar os corpos até a mesa de necropsia e que o prédio não conta com um sistema de refrigeração e de exaustão de odores, o que torna o ambiente insuportável.

As denúncias foram comprovadas através de imagens gravadas por um cinegrafista amador. O vídeo mostra a precariedade da estrutura no local, como alguns azulejos arrancados e o piso estragado.



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