quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Morre mulher infectada por bactériaOutros três pacientes da UTI do Hospital do Hemope estão contaminados



RODOLFO BOURBON

A mulher infectada pela bactéria Enterococcus faecium na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Hematologia da Fundação Hemope, situado no bairro das Graças, no Recife, faleceu por volta das 11h de ontem. Antônia Francisca da Silva, de 45 anos, estava isolada no local desde a última quinta-feira. A morte, segundo os médicos do centro de saúde, foi conseqüência do agravamento provocado por infecções generalizadas (sepse). O quadro clínico da ex-paciente não era favorável para a recuperação: ela era portadora de Leucemia Mielóide Aguda (LMA-M2), enfermidade agressiva caracterizada pela produção insuficiente de células sangüíneas maduras normais.
De acordo com o presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da unidade, Vladimir Guimarães, não se pode atribuir à bactéria a causa da morte. “O fato de a ex-paciente se apresentar com elevado grau de imunodepressão devido à doença resultou nas infecções generalizadas”, afirmou. Mesmo a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) e grande parte dos médicos infectologistas informando que o microorganismo não é responsável pelos óbitos, 32 das 67 pessoas contaminadas morreram, nos últimos meses, nas UTIs das redes de saúde pública e privada do Estado.
Abalado, o desempregado Sérgio Gomes da Silva, de 31 anos, acompanhou a esposa desde a entrada no hospital, ocorrida no dia 18 de outubro, até os últimos momentos de vida dela. “É preciso estar preparado para encarar a situação. Tento manter a calma, mas estou sofrendo por dentro”, revelou. Quando perguntado sobre uma possível queixa em relação à unidade de saúde, o marido da vítima falou: “Mesmo esperançoso, sabia das poucas chances que ela tinha de sobrevivência, em razão da leucemia. Os médicos tentaram de tudo para salvá-la.”
CONTAMINAÇÃOPositivo. Esse foi o laudo do laboratório Cerpe para os exames de constatação da bactéria Enterococcus faecium nos três pacientes da UTI do Hospital do Hemope. Os enfermos que estiveram em contato com a falecida Antônia Francisca no espaço, bem como outras dez pessoas da enfermaria da unidade de saúde, onde a mulher portadora do microorganismo passou o primeiro mês de tratamento, foram submetidos ao exame retal para confirmar a infecção ou colonização. “Fomos notificados sobre o diagnóstico nesta segunda-feira (anteontem), mas já tínhamos tomado medidas preventivas de isolamento dos contactantes indiretos”, afirmou Vladimir GuimarãesOs testes dos pacientes que estiveram na enfermaria deverão ser concluídos hoje. “Alguns dos exames já deram negativo. Vale ressaltar que os contactantes da UTI estão com as bactérias colonizadas, diferentemente do grave caso de infecção”, citou Vladimir. O médico infectologista garantiu que todas as medidas de prevenção estão sendo tomadas para evitar novas contaminações, a exemplo da instrução profissional sobre a necessidade da lavagem das mãos com anti-sépticos e o uso de equipamentos de proteção.

0 comentários: