domingo, 16 de junho de 2013

ROTAS DE ENGENHOS E MARACATUS

Por *Elias Antônio Rodrigues

Fazer a rota dos engenhos e maracatus e estudar história é quase que ao mesmo tempo fazer uma viagem turística pelas raízes do lugar que se esta sendo conhecido naquele instante. E chegamos às vezes perceber que aquele pedacinho de chão em que estamos pisando neste exato momento, muito sangue foi derramado em defesa dele, é o exemplo das ruínas do Arraial Novo do Bem Jesus no bairro dos Torrões em Recife, onde lá, foram travadas lutas intermináveis por décadas em defesa do nosso território pernambucano da invasão holandesa. Ali, índios, negros, brancos e mamelucos foram feridos até a morte por uma nação.

Foto: Arquivo blog Garçom e Menu
Ruinas da casa de armas do Arraial Novo do Bom Jesus (onde encontradas munições não usadas, armas e corpos) – Localizada Avenida Cruzeiro do Forte no bairro dos Torrões – Recife – PE

O mestre Gilberto Freyre já dizia: "Sem açúcar, não se entende o Nordeste, não se entende o Brasil". E foi justamente por conta deste tesouro maior que Pernambuco tem uma coisa mágica dentro de seu território, seu espaço físico e politico que se faz um dos melhores lugares no Brasil para ser visitado turisticamente por várias gerações e interesses.

Viajar pela Zona da Mata de Pernambuco é voltar às origens, lá no inicio de tudo. É deparar-se com o charme bucólico da tradição dos tempos vividos. Nos antigos engenhos, com suas imensas plantações de cana de açúcar verdinhas esperando sua colheita e logo se via um descampado sem fim. A casa-grande, onde repousava o senhor e os segredos de uma vida em esplendor e luxo com o contraste das senzalas com horas marcadas, noites longas, chão batido e alimento sagrado vindo do suor onde muitas vezes avermelhados de sangue extraído da forte e insensível exploração da mão de obra. Exorcizadas pelo tempo, hoje elas abrigam tão somente charmosas e aconchegantes pousadas. Capelas e igrejas centenárias, que hoje revelam um sincretismo religioso ocultado na época dos senhores barões, condes e coronéis, apenas o catolicismo era aceito como fé verdadeira.

No encurtar desta resenha, realizando um TUR por Pernambuco encontramos as cavalgadas, onde se desbrava caminhos percorridos talvez até por Lampião; rios e cachoeiras para banhos de água corrente, cristalina e térmica. Peças sacras e um mobiliário antigo artesanalmente produzido e o deleite da real vida no campo.
Uma viagem para deparar-se com a arte barroca de Goiana. Apenas na secular Igreja do Rosário dos Homens Pretos, abriga-se um acervo com mais de duas mil peças sacras. Entre elas, a imagem em ouro de Nossa Senhora do Amparo, doada aos antigos escravos pela Princesa Isabel. Para conhecer o mistério e a beleza da cultura surgida à beira dos canaviais. Em Nazaré da Mata, os enigmáticos caboclos-de-lança do maracatu rural fazem a festa. Balançam seus chocalhos pelas ruas. Exibem suas cabeleiras multicoloridas de um Brasil profundo, um Brasil atemporal. 

Foto: arquivo blog Garçom e Menu
Ocas na entrada da cidade de Tracunhaém Espaço cultural para exposição de artesanato da Zona da Mata

Uma arte expressa nos tapetes de grande influência ibérica de Lagoa do Carro. Ou nos escultores de Carpina, Paudalho, Vicência e Tracunhaém, terra onde a imaginação dos homens ganha contornos no barro. Dezenas de ceramistas moram nas cidades erguidas entre montanhas.
Entre mesas fidalgas e tabuleiros de rua, encontra-se a culinária que evidencia a Civilização do Açúcar. Nos engenhos, prepare-se para um banquete: pamonha, canjica, munguzá, coalhada, iogurtes caseiros, queijos de coalho e manteiga, pães e biscoitos, tapioca, beiju, manteiga artesanal, café bem passado, sucos de frutas e muitos bolos, de mandioca, barra-branca, bolo-de-rolo... Mandioca e carne seca. Galinha caipira guisada. E, claro, uma cachaça de alambique.

Não importa em que cidade hospedar-se. Estão todas muito próximas. Em poucos quilômetros de distância, o visitante volta no tempo. Bem-vindo ao Brasil original. Bem-vindo à Rota dos Engenhos de Pernambuco.

Elias Antônio Rodrigues: Garçom, Agente de informações turísticas e membro do Fórum do turismo do Recife.
Fonte: Fundaj – Fundação Joaquim Nabuco.
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