Por *Elias Antônio Rodrigues
Fazer a rota
dos engenhos e maracatus e estudar história é quase que ao mesmo tempo fazer
uma viagem turística pelas raízes do lugar que se esta sendo conhecido naquele
instante. E chegamos às vezes perceber que aquele pedacinho de chão em que
estamos pisando neste exato momento, muito sangue foi derramado em defesa dele,
é o exemplo das ruínas do Arraial Novo do Bem Jesus no bairro dos Torrões em
Recife, onde lá, foram travadas lutas intermináveis por décadas em defesa do
nosso território pernambucano da invasão holandesa. Ali, índios, negros,
brancos e mamelucos foram feridos até a morte por uma nação.
Foto: Arquivo blog Garçom e Menu
Ruinas
da casa de armas do Arraial Novo do Bom Jesus (onde encontradas munições não
usadas, armas e corpos) – Localizada Avenida Cruzeiro do Forte no bairro dos
Torrões – Recife – PE
O mestre Gilberto Freyre já dizia: "Sem açúcar, não se entende o Nordeste, não se entende o
Brasil". E foi justamente por conta deste tesouro maior que Pernambuco
tem uma coisa mágica dentro de seu território, seu espaço físico e politico que
se faz um dos melhores lugares no Brasil para ser visitado turisticamente por
várias gerações e interesses.
Viajar pela Zona da Mata de Pernambuco é voltar às origens, lá no
inicio de tudo. É deparar-se com o charme bucólico da tradição dos tempos
vividos. Nos antigos engenhos, com suas imensas plantações de cana de açúcar
verdinhas esperando sua colheita e logo se via um descampado sem fim. A casa-grande,
onde repousava o senhor e os segredos de uma vida em esplendor e luxo com o
contraste das senzalas com horas marcadas, noites longas, chão batido e
alimento sagrado vindo do suor onde muitas vezes avermelhados de sangue
extraído da forte e insensível exploração da mão de obra. Exorcizadas pelo
tempo, hoje elas abrigam tão somente charmosas e aconchegantes pousadas.
Capelas e igrejas centenárias, que hoje revelam um sincretismo religioso
ocultado na época dos senhores barões, condes e coronéis, apenas o catolicismo
era aceito como fé verdadeira.
No encurtar desta resenha, realizando um TUR por Pernambuco encontramos as cavalgadas, onde se desbrava
caminhos percorridos talvez até por Lampião; rios e cachoeiras para banhos de
água corrente, cristalina e térmica. Peças sacras e um mobiliário antigo
artesanalmente produzido e o deleite da real vida no campo.
Uma viagem para deparar-se com a
arte barroca de Goiana. Apenas na secular Igreja do Rosário dos Homens Pretos,
abriga-se um acervo com mais de duas mil peças sacras. Entre elas, a imagem em
ouro de Nossa Senhora do Amparo, doada aos antigos escravos pela Princesa
Isabel. Para conhecer o mistério e a beleza da cultura surgida à beira dos
canaviais. Em Nazaré da Mata, os enigmáticos caboclos-de-lança do maracatu
rural fazem a festa. Balançam seus chocalhos pelas ruas. Exibem suas cabeleiras
multicoloridas de um Brasil profundo, um Brasil atemporal.
Foto: arquivo blog Garçom e Menu
Ocas
na entrada da cidade de Tracunhaém Espaço cultural para exposição de artesanato
da Zona da Mata
Uma arte expressa nos tapetes de grande influência ibérica de
Lagoa do Carro. Ou nos escultores de Carpina, Paudalho, Vicência e Tracunhaém,
terra onde a imaginação dos homens ganha contornos no barro. Dezenas de
ceramistas moram nas cidades erguidas entre montanhas.
Entre mesas fidalgas e tabuleiros
de rua, encontra-se a culinária que evidencia a Civilização do Açúcar. Nos
engenhos, prepare-se para um banquete: pamonha, canjica, munguzá, coalhada,
iogurtes caseiros, queijos de coalho e manteiga, pães e biscoitos, tapioca,
beiju, manteiga artesanal, café bem passado, sucos de frutas e muitos bolos, de
mandioca, barra-branca, bolo-de-rolo... Mandioca e carne seca. Galinha caipira
guisada. E, claro, uma cachaça de alambique.
Não importa em que cidade
hospedar-se. Estão todas muito próximas. Em poucos quilômetros de distância, o
visitante volta no tempo. Bem-vindo ao Brasil original. Bem-vindo à Rota dos
Engenhos de Pernambuco.
Elias Antônio Rodrigues: Garçom, Agente de informações turísticas e membro do Fórum do turismo do Recife.
Fonte: Fundaj
– Fundação Joaquim Nabuco.
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